quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

 Enquanto eu tecia palavras abafadas e ávidas de perdão, ele me olhava, tentando me codificar. Mexia as mãos manuseando papéis...Quando lhe entreguei a última sílaba, ele impôs as mãos sobre mim. Em súplica, intercedeu. Ele, o Santo Padre do Origami.

Ana Paula Alves Lima.


 

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Dito

 É interessante a Metamorfose Ambulante. Cada passo dado, cada tomada de consciência, tudo que não sou mais, tudo que continuo sendo. Tudo para que ainda sorrio, para tudo que não sorrio mais. 

Sigo, de corda solta, de alma confeitada. Do nada, tiro do Cartola a estrada. Que arrepio!Sigo, de lata d` aguá na cabeça, andando como uma bêbada equilibrista. Surfista dos vales de Minas. Minhas! Parangolés e Paranauês ...A vida é sob turnês.

A Carta

 


Que bons conselhos seu coração amoroso faz chegar até à mim, prima querida. 

Na infância, eu visitava uma casa mágica, cheia de sorrisos e travessuras. Corria e pulava de alegria numa rua encantada! A dona da casa era prendada e amada;o dono da casa era Sábio Fábio.

Tinha eles três filhos encantadores!!! Eram todos meus amores. Cresci, e os ventos foram me soprando para longe. Não percebi! Só quando adoeci. 

Adoeci de saudade, mas também não percebi. Fui ficando triste e sozinha. mas também não percebi.

Um dia, o meu sonho me levou de volta à casa. Acordei na sala carpetada com um móvel de vitrola e um sofá retrô. Ai, como foi bom reencontrar o amor. Deitada no carpete, só minha cabeça girava e registrava.

O vento foi me mostrando caminhos e fui caminhando...Outro dia, bem pertinho desse, cheguei num lugar bonito, com varanda aberta: lembrei da varanda passada!

Foi assim: o vento foi soprando e me levando e eu não percebi.

Hoje, procuro lugar para ressuscitar! Que venha a grama verde, o sol e o luar.

 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Samba de uma nota só

 Bento sonda muito dentro de si. O cenário fica por conta do estado psicológico que vai delineando sua realidade. Certo dia, sondou um lugar que estava desesperadamente tentando escapar; é que Bento não suporta suas frustrações.
Enquanto não consegue se equilibrar, vislumbra os outros estados psicológicos, sempre entre confusões e fantasmas. Sabe bem que, dentro dele, existe a sala de armas. Ainda não a encontrou.
Mas vê guerreiros a se exercitar enquanto não se põe a lutar. Ele ainda possui uma trilha sonora de: mas...mas..mas...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Obreiro

 Do decimo quarto andar, recostado no parapeito da janela,  Bento se põe a perguntar. As árvores, coitadas, fazem malabarismo para caberem entre prédios.O solo sem saber se é selva ou se pedra. No entremeio, as   ruas recortadas e mal traçadas como a palma da mão. Seria a semelhança mais uma vez extrapolando o entendimento?
E o que dizer dos carros nas recortadas ruas,   Parecem brinquedos num chão desenhado. Engana o aparentar inofensivo.
É mato brotando do asfalto, é o  arrancar  o coro da terra até marcar território. Afinal,  não é para isto que dedicamos a  existência?
E o que dizer dos estouros e explosões da cidade lembrando cenário de guerra. Mas o homem finge não se importar, Está munido com sua  tarja preta, agora nada mais o aflige. No domingo,  pensa descansar. Enfim, a primeira impressão é a que fica,  Deus descansou no domingo.



sexta-feira, 19 de julho de 2013

Boniteza

Lá na terra do sol,  foi ver padre dizer missa
Onde o vento chega fazendo carinho...vento calminho...
A igreja era simples
Foi levada, convidada de uma senhora por nome Severina
 Ela pegou  sua mão como quem conduz uma criança
Foi protegida e querida ver o padre dizer missa
Missa mesmo é nada! Viu foi o quadro mais lindo, num sabe?
Por detrás  do padre,  uma abertura feito um portal,  tal era o buraco na parede
 Dentro do portal o encontro dos coqueirais, balançavam feito balanço na mão de criança
Até hoje chega a lembrança tamanha a natureza



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Recado

De repente a caixinha do que já fora se soltou
Abriu-se em duas partes
Caindo de dentro dela uma chuva de corações picadinhos de todos os tamanhos

De lápis, estava escrito: e sonhar com quão doce a vida pode ser!